Brincadeiras para Desenvolver a Empatia na Educação Infantil

Ensinar empatia é uma das tarefas mais valiosas da educação infantil. Muito mais do que uma competência socioemocional, a empatia é a base para a convivência respeitosa, a solidariedade, o trabalho em equipe e o acolhimento das diferenças. E o melhor caminho para trabalhar essa habilidade com crianças pequenas é por meio do brincar.

Neste artigo, você vai encontrar um guia completo com brincadeiras para desenvolver a empatia na educação infantil, todas com objetivos pedagógicos claros, alinhamento com a BNCC, passo a passo de aplicação e dicas para o professor facilitar o processo com intencionalidade.


O que é empatia e por que desenvolvê-la desde a infância?

A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, reconhecendo e respeitando suas emoções, pensamentos e necessidades. Na primeira infância, as crianças estão em plena formação emocional e social, e é nesse período que a empatia deve ser incentivada com mais intencionalidade.

Benefícios de trabalhar empatia na educação infantil:

  • Reduz comportamentos agressivos ou egoístas
  • Estimula a cooperação e o respeito à diversidade
  • Melhora o clima do grupo e a convivência
  • Prepara para a resolução pacífica de conflitos
  • Fortalece a inteligência emocional

A BNCC, nos campos de experiência “O eu, o outro e o nós” e “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, destaca a importância da empatia como parte do desenvolvimento integral das crianças.


Como ensinar empatia de forma lúdica?

As brincadeiras são o melhor caminho para promover habilidades socioemocionais na primeira infância. Brincar permite que a criança se coloque no lugar do outro, experimente sentimentos diferentes e aprenda a lidar com frustrações e conflitos de maneira construtiva.

Para isso, é importante que o professor:

  • Crie um ambiente de escuta e acolhimento
  • Esteja atento aos sentimentos expressos durante as atividades
  • Valorize o respeito à vez, as colaborações espontâneas e os gestos de carinho

A seguir, veja 12 brincadeiras que ajudam a desenvolver a empatia na educação infantil, com sugestões de variação e aplicação em sala de aula.


1. A Caixa das Emoções

Objetivo: Nomear emoções, identificar sentimentos em si e nos outros
Faixa etária: 3 a 6 anos
Materiais: Caixinha decorada, figuras com rostos expressivos ou emojis

Como brincar:

  1. Cada criança sorteia uma figura de emoção.
  2. Ela deve dizer em que situação já sentiu aquilo.
  3. Os colegas comentam o que fariam para ajudar.

Desenvolve: Reconhecimento emocional, escuta ativa, acolhimento.


2. Roda do “E Se Fosse Você?”

Objetivo: Estimular a reflexão sobre a perspectiva do outro
Faixa etária: 5 a 6 anos
Materiais: Cartões com situações cotidianas (ex: um colega esqueceu o brinquedo, caiu e se machucou, ficou sem lanche)

Como brincar:

  1. Leia uma situação e pergunte: “E se fosse você?”
  2. Cada criança pode comentar como se sentiria e o que esperaria dos colegas.

Desenvolve: Empatia cognitiva, respeito e capacidade de se colocar no lugar do outro.


3. Teatro das Emoções

Objetivo: Explorar emoções de forma corporal e simbólica
Faixa etária: 4 a 6 anos
Materiais: Aventais, máscaras ou fantoches

Como brincar:

  1. Proponha pequenas cenas com personagens que sentem medo, alegria, tristeza ou raiva.
  2. As crianças dramatizam e depois conversam sobre as emoções vividas.

Desenvolve: Expressão emocional, compreensão dos sentimentos do outro.


4. Dinâmica do Coração Amassado

Objetivo: Demonstrar como palavras e ações afetam os sentimentos
Faixa etária: 5 a 6 anos
Materiais: Um coração grande de papel

Como brincar:

  1. Cada vez que uma atitude negativa é citada (ex: zombar, excluir, empurrar), o coração é amassado.
  2. Depois, todos tentam “desamassar” e discutem o que sentiram.

Desenvolve: Consciência das consequências das ações, compaixão, empatia.


5. Jogo do Amigo Secreto Positivo

Objetivo: Valorizar as qualidades dos colegas
Faixa etária: 4 a 6 anos
Materiais: Cartões com nomes das crianças

Como brincar:

  1. Cada criança sorteia um colega e precisa falar uma qualidade dele.
  2. Depois revela quem é o “amigo secreto”.

Desenvolve: Autoestima, reconhecimento, empatia positiva.


6. Histórias com Moral de Empatia

Objetivo: Trabalhar empatia através da escuta e interpretação
Faixa etária: 3 a 6 anos
Materiais: Livros ou contos com mensagens de cooperação e amizade (ex: “O Monstro das Cores”)

Como brincar:

  1. Conte uma história com elementos de empatia.
  2. Peça que as crianças falem sobre o que fariam se estivessem na história.

Desenvolve: Imaginar-se no lugar do outro, compreensão de sentimentos.


7. O Relógio da Ajuda

Objetivo: Promover atitudes empáticas no dia a dia
Faixa etária: 4 a 6 anos
Materiais: Relógio de papel, ponteiros, cartões com “tarefas de empatia” (ex: ajudar um colega, fazer um elogio, ouvir com atenção)

Como brincar:

  1. A cada giro no relógio, a criança sorteia uma ação para realizar.
  2. Ao final do dia, compartilha como foi a experiência.

Desenvolve: Iniciativa, ações empáticas concretas.


8. Dinâmica das Cadeiras Sem Exclusão

Objetivo: Estimular a inclusão e a colaboração
Faixa etária: 3 a 6 anos
Materiais: Cadeiras

Como brincar:

  1. Em vez de eliminar crianças da brincadeira de cadeiras, a cada rodada retira-se uma cadeira e todos devem se acomodar juntos.

Desenvolve: Cooperação, criatividade, empatia inclusiva.


9. O Série do Sentimento

Objetivo: Identificar sentimentos em situações cotidianas
Faixa etária: 3 a 6 anos
Materiais: Sequências ilustradas de cenas (ex: criança brincando sozinha, uma ajudando a outra, etc.)

Como brincar:

  1. Mostre a cena e pergunte: “Como essa criança está se sentindo?”
  2. Depois, pergunte: “O que você poderia fazer?”

Desenvolve: Leitura emocional, empatia situacional.


10. Caixa da Gratidão

Objetivo: Valorizar gestos positivos dos colegas
Faixa etária: 4 a 6 anos
Materiais: Caixa decorada, papéis e canetas

Como brincar:

  1. As crianças registram (com ajuda) algo positivo que um colega fez.
  2. Ao final do dia ou da semana, os papéis são lidos.

Desenvolve: Percepção positiva do grupo, reforço de comportamentos empáticos.


11. Roda do Abraço (ou Aperto de Mão)

Objetivo: Fortalecer vínculos e expressar carinho
Faixa etária: 3 a 6 anos
Materiais: Espaço amplo

Como brincar:

  1. As crianças ficam em roda.
  2. Uma delas vai até um colega e oferece um gesto de carinho (abraço, aperto de mão, um elogio).
  3. Depois, é a vez do colega.

Desenvolve: Vínculo afetivo, respeito e empatia espontânea.


12. Quem Me Ajudou Hoje?

Objetivo: Reconhecer a ajuda recebida no cotidiano
Faixa etária: 4 a 6 anos
Materiais: Nenhum

Como brincar:

  1. No fim do dia, cada criança diz o nome de um colega que ajudou de alguma forma.
  2. Pode ser uma ajuda simples, como emprestar algo ou ouvir.

Desenvolve: Memória afetiva, reconhecimento, valorização do cuidado.


Como avaliar o desenvolvimento da empatia na educação infantil?

A empatia é uma competência que se constrói ao longo do tempo. A avaliação deve ser qualitativa, observando comportamentos como:

  • Demonstração de solidariedade espontânea
  • Capacidade de nomear sentimentos do outro
  • Interesse em ajudar ou consolar colegas
  • Escuta atenta durante as atividades
  • Respeito à vez e ao espaço do outro

Utilize registros, portfólios, rodas de conversa e situações do cotidiano para identificar avanços.


Sugestões de livros infantis sobre empatia

  1. O Monstro das Cores – Anna Llenas
  2. A Parte Que Falta – Shel Silverstein
  3. Tenho Monstros na Barriga – Tonia Casarin
  4. A Flor do Amor – Jonas Ribeiro
  5. O Grande Rabanete – Tatiana Belinky

Essas obras ajudam a mediar rodas de conversa e reflexões sobre sentimentos e empatia.


Considerações finais

Desenvolver empatia na educação infantil é cultivar o solo para uma sociedade mais humana, solidária e acolhedora. Quando o educador propõe brincadeiras com intencionalidade emocional, ele ensina que sentir, cuidar e respeitar também fazem parte do aprender.

Incorpore essas ideias ao seu planejamento, adapte conforme sua turma e crie um ambiente em que cada criança se sinta vista, ouvida e valorizada.

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